Dia 04 de dezembro a companhia SUBJÉTIL faz a última apresentação de Οἰδίπους: Prologos dentro da "Curitiba Mostra Rueiros", na Praça 29 de Março (Mercês), ás 19h.
O Fluxo continua...
Encerrada a 6° Mostra Cena Breve Curitiba damos continuidade ao processo Οἰδίπους: Prólogos. A partir do dia 20 de Novembro estaremos na Praça 29 de Março, sempre a partir das 19h.
Quanto a 6° Mostra Cena Breve temos que agradecer toda a equipe da CiaSenhas e do Teatro Novelas Curitibanas. Sentimos-nos abraçados por todos e devolvemos aqui mais abraços em agradecimentos.
Foram duas apresentações excelentes.
O público mais do que correspondeu nossas expectativas e sentimos, através deles, que estamos no lugar certo.
Agora seguimos o fluxo...
Οἰδίπους: Prólogos
Dias 20,21, 27 e 28 de Novembro e 04 e 05 de Dezembro,
Na Praça 29 de Março (mercês), sempre às 19h.
Οἰδίπους: Prologos, o nome é este mesmo!
Depois de uma jornada pelo mito de Édipo... dilaceramos os pés inchados, rasgamos os subjéteis envelhecidos, furamos nosso olhos, gritamos nossos nomes e agora...
PRIMEIRA MOSTRA DE PROCESSO
Οἰδίπους: Prólogos
30 de Outubro de 2010. Teatro Novelas Curitibanas, às 19h e 21h. Entrada $10, e $5
Verdadeiro ou Falso?
Quando ouvimos a palavra “Édipo” automaticamente uma sucessão de imagens vêm à cabeça: Incesto, assassinato, olhos vazados, peste, Grécia, Freud, etc. Passamos por todas elas! Mas ao invés de debruçarmos-nos sobre estas imagens, abrimos o mito e nos jogamos no emaranhado de linhas e caminhos que ele nos conduziu. Descobrimos que Édipo não é Édipo, e sim Oidípous, o claudicante, louco, subversivo; depois descobrimos que Oidípous não é Oidípous e sim, Οἰδίπους, o individuo... Como nós!!! Então para que criarmos Édipo, uma máscara, uma farsa, uma personagem? Na abertura do mito de Édipo fomos obrigados a abrir nossos próprios mitos. Se jogar nas lembranças de nossos desejos infantis, secretos, abjetos; nossa adolescência monstruosa e prazerosa; o adulto egoísta e compreensível pelo próprio egoísmo. Somos enfim, Οἰδίπους tentando ser Oidípous para chegar a ser Édipo. Não um mito atemporal (a atemporalidade não me interessa, pois vivo num tempo determinado), mas passar do indivíduo para conseguir chegar ao coletivo.
É um processo psicológico, sim! Reunião de Grupo. Ajuda de grupo... Neste processo me sentia um psicopata potencial, um esquizofrênico enjaulado, um histérico depressivo, etc.
Como chegar ao coletivo?
Façamos arte!!!!
(ou a internação na casa de repouso, sanatório mesmo, do Bom Retiro).
Da mesma forma que abrimos o mito de Édipo tivemos que abrir o espaço. A cidade é algo que não se comporta com um simples olhar. Quando pensamos na palavra “cidade” automaticamente uma sucessão de imagens vem à cabeça: prédios, carros, buzinas, alarmes, out-doores, gente, muita gente. Isto não é a cidade, apenas faz parte dela. A cidade é um organismo vivo, complexo, ilimitado (nem as fronteiras a limitam), um fluxo de conexões infinitas. Para inserimos-nos nela tivemos que aprender a olhar o invisível. Ele está ali, o invisível, atrás dos símbolos, imagens, ícones que escondem a cidade. O que vemos cotidianamente, quando saímos de casa e vamos para nossos trabalhos, escolas, faculdades, etc. é a representação da cidade, sua maquiagem, máscara, farsa, personagem. Ao inserirmos um evento artístico cênico no espaço urbano, estamos retirando esta máscara espetacular da cidade para lhe devolver a sua realidade numa cesura, num rompimento que traz a cidade nua aos olhos do público, dos transeuntes, de nós mesmos.
Em “Οἰδίπους: Prologos” dilaceramos Édipo para ele ser apenas Οἰδίπους. Violentamos nossas identidades para sermos nós mesmos. Depredamos a cidade para ele surgir do invisível. É a potência de Édipo, mais a nossa potência na potência da cidade. Potência + Potência + Potência. Mito, indivíduo e espaço.
Assim abandonamos o manicômio para criar uma obra cênica. Assim deixamos de ser apenas indivíduos para sermos artistas. Assim deixamos de ser transeuntes para sermos a cidade. Assim... Apresentamos Οἰδίπους: Prologos!!!!!!!!!!!!!
De Rafael Di Lari:
Hoje adentramos o espaço urbano. Compartilhamos. Depois da “segurança” obtida com os nove meses de processo na rua com o Primeiro Crime, hoje estávamos um pouco enferrujados. Era um espaço novo para nós: Praça 29 de março. Nos sentimos um pouco desconfortáveis.
O corpo também estava inseguro, lento, frágil. As respostas aos impulsos criados pelo grupo demoravam a surgir. Timidamente apareciam as minhas impressões sobre Édipo, Jocasta, Laio, Creonte, Tirésias...Não sabia bem o quê dizer sobre eles. Ainda parecem estranhos, alheios a mim.
Quando falava sobre mim, mascarava uma vergonha por compartilhar com pessoas estranhas (àqueles que estavam na praça) coisas tão pessoais.
A conexão entre o grupo é evidente. Construímos juntos.
(In) Conscientemente criamos imagens, ocupamos esteticamente o espaço com nossos corpos. Construímos dramaturgia; improvisada, frágil, mas que aconteceu devido à troca, o jogo entre nós.
Ainda não sei ao certo o que acontecerá. Temos um chão, um norte, sólido mas...o processo sempre é caótico. Que bom!
De Patricia Cipriano:
O SOL, CURIOSO, PAROU DE SE ESCONDER E COMPARTILHOU O DIA CONOSCO...
É estranho voltar.
Nunca tinha ido à Praça 29 de Março , já tinha passado por ela várias vezes mas nunca estive nela, até hoje!
Concluí: Praça 29 de Março = Concreto/ Passagem - Fluxo/ Cheio - Vazio.
Pensei muito sobre o que fizemos hoje e senti falta de saber QUEM/O QUE ERA O ESPAÇO, coisa histórica, mesmo. Fiquei bem perdida quando me dei conta de que não tinha a menor idéia de onde eu estava, tirando é claro a noção de que era uma praça.
...
Por outro lado gostei desse desconforto que me colocou num estado de organização constante. A questão era, o que eu devia organizar?, uma vez que o Darlei mudou os planos do ensaio e eu não tinha onde me agarrar... isso foi Ótimo!!!
Coisa boa pra pensar: o que me desestabiliza?
Palavras chave: Alerta/ Prontidão/ Desconforto/ Vulnerabilidade.
Pensei muito nas composições que se formavam enquanto a gente se movimentava, sinto falta de um registro fotográfico.
“Nossa idéia petrificada do teatro vai ao encontro da nossa idéia petrificada de uma cultura sem sombras onde, para qualquer lado que se volte, nosso espírito só encontra o vazio, ao passo que o espaço está cheio.
Mas o verdadeiro teatro, porque se mexe e porque se serve de instrumentos vivos, continua a agitar sombras nas quais a vida nunca deixou de fremir. O ator que não refaz duas vezes o mesmo gesto, mas que faz gestos, se mexe, e sem dúvida brutaliza formas, mas por trás dessas formas, e através da sua destruição, ele alcança o que sobrevive às formas e produz a continuação delas.
O teatro que não está em nada mas que se serve de todas as linguagens – gestos, sons, palavras, fogo, gritos – encontra-se exatamente no ponto em que o espírito precisa de uma linguagem para produzir suas manifestações.
E a fixação do teatro numa linguagem – palavras, escritas, música, luzes, sons – indica sua perdição a curto prazo, sendo que a escolha de uma determinada linguagem demonstra o gosto que se tem pelas facilidades dessa linguagem; e o ressecamento da linguagem acompanha sua limitação.
Para o teatro assim como para a cultura, a questão continua sendo nomear e dirigir sombras; e o teatro, que não se fixa na linguagem e nas formas, com isso destrói as falsas sombras mas prepara o caminho para um outro nascimento de sombras a cuja volta agrega-se o verdadeiro espetáculo da vida.
Romper a linguagem para tocar na vida é fazer ou refazer o teatro; e o importante é não acreditar que esse ato deva permanecer sagrado, isto é, reservado. O importante é crer que não é qualquer pessoa que pode fazê-lo, e que para isso é preciso uma preparação.
Isto leva a rejeitar as limitações habituais do homem e os poderes do homem e a tornar infinitas as fronteiras do que chamamos realidade.
É preciso acreditar num sentido da vida renovado pelo teatro, onde o homem impavidamente torna-se o senhor daquilo que ainda não é, e o faz nascer. E tudo o que não nasceu pode vir a nascer contanto que não nos contentemos em permanecer simples órgãos de registro.
Do mesmo modo, quando pronunciamos a palavra vida, deve-se entender que não se trata da vida reconhecida pelo exterior dos fatos, mas dessa espécie de centro frágil e turbulento que as formas não alcançam. E, se é que ainda existe algo de infernal e de verdadeiramente maldito nesses tempos, é deter-se artisticamente em formas, em vez de ser como supliciados que são queimados e fazem sinais sobre suas fogueiras. ”
LOCAL: PARK SHOPPING BARIGUI
e MEMORIAL DE CURITIBA no LARGO DA ORDEM
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