quarta-feira, 18 de agosto de 2010

Projeto Οἰδίπους

(OIDÍPOUS)

Damos início ao Projeto δίπους(Oidípous). O processo é continuo, ou seja, este é o desdobramento do que um dia já foi PPP e Primeiro Crime. Agora adentramos o universo trágico de Édipo. Aqui relataremos nossa andança, angústias, crises, criações, descobertas, etc...

DIÁRIO SUBJÉTIL 001: 31 de Julho de 2010.



DE DARLEI FERNANDES:

Chega de teorização, vamos à prática! Praça 29 de Março. Sugeri este espaço por ter uma área ampla e ser retirada do centro nervoso de Curitiba, mas, mesmo assim, central. Não sabia ao certo o que iríamos encontra lá. O que encontramos foram crianças brincando no play acompanhado de seus pais, praticantes de le parkour, garotos jogando futebol, um pessoal fazendo exercício na academia ao ar livre da praça, um mendigo tomando banho nas quedas de água, entre outros.
Lemos nossos de apresentação, conversamos sobre a estruturação da peça, apresentei o texto do prólogo do Prólogos e partimos para a ação.
Pensei que seria mais difícil, para mim, entrar nos exercícios propostos, visto que já tem algum tempo que não tenho este posicionamento de participação efetivo em nossos jogos e exercícios. Geralmente, fico de fora como o olhar de fora, mas agora é diferente, estou dentro!

Fizemos uma brincadeira, um jogo, onde expurgamos tudo sobre nossa identidade (ou quase tudo) e nossas visões sobre as personas de Édipo. Eu fui Laio! Não sei bem onde isso nos levará, mas percebemos que estamos indo para algum lugar. Não sabemos também se nos manteremos nessa praça, já que ela é tão diferente do que estamos acostumados: fluxos intensos. Vamos fazer mais algumas experiências.


De Rafael Di Lari:


Hoje adentramos o espaço urbano. Compartilhamos. Depois da “segurança” obtida com os nove meses de processo na rua com o Primeiro Crime, hoje estávamos um pouco enferrujados. Era um espaço novo para nós: Praça 29 de março. Nos sentimos um pouco desconfortáveis.

O corpo também estava inseguro, lento, frágil. As respostas aos impulsos criados pelo grupo demoravam a surgir. Timidamente apareciam as minhas impressões sobre Édipo, Jocasta, Laio, Creonte, Tirésias...Não sabia bem o quê dizer sobre eles. Ainda parecem estranhos, alheios a mim.

Quando falava sobre mim, mascarava uma vergonha por compartilhar com pessoas estranhas (àqueles que estavam na praça) coisas tão pessoais.

A conexão entre o grupo é evidente. Construímos juntos.

(In) Conscientemente criamos imagens, ocupamos esteticamente o espaço com nossos corpos. Construímos dramaturgia; improvisada, frágil, mas que aconteceu devido à troca, o jogo entre nós.


Ainda não sei ao certo o que acontecerá. Temos um chão, um norte, sólido mas...o processo sempre é caótico. Que bom!


De Patricia Cipriano:


O SOL, CURIOSO, PAROU DE SE ESCONDER E COMPARTILHOU O DIA CONOSCO...

É estranho voltar.
Nunca tinha ido à Praça 29 de Março , já tinha passado por ela várias vezes mas nunca estive nela, até hoje!

Concluí: Praça 29 de Março = Concreto/ Passagem - Fluxo/ Cheio - Vazio.

Pensei muito sobre o que fizemos hoje e senti falta de saber QUEM/O QUE ERA O ESPAÇO, coisa histórica, mesmo. Fiquei bem perdida quando me dei conta de que não tinha a menor idéia de onde eu estava, tirando é claro a noção de que era uma praça.

...

Por outro lado gostei desse desconforto que me colocou num estado de organização constante. A questão era, o que eu devia organizar?, uma vez que o Darlei mudou os planos do ensaio e eu não tinha onde me agarrar... isso foi Ótimo!!!

Coisa boa pra pensar: o que me desestabiliza?

Palavras chave: Alerta/ Prontidão/ Desconforto/ Vulnerabilidade.


Pensei muito nas composições que se formavam enquanto a gente se movimentava, sinto falta de um registro fotográfico.


sábado, 14 de agosto de 2010

Foi um bom sábado de esclarecimentos...

Não sei como falar sobre "Eu/Édipo" até por que não vejo isso como um paralelo mas como uma coisa só. O texto que produzi não expressa as imagens que tenho em mente. Penso muito na questão do descontrole e na ação por impulso, acredito que essa é minha parcela Édipo.
PATRICIA.CIPRIANO

quarta-feira, 11 de agosto de 2010

Peça Desmontável


Desmontável: que se pode desmontar.

Entendendo a cena como a união intrínseca entre ação, tempo e espaço, podemos concluir que estes, e somente estes, são os elementos necessário para a realização cênica. Texto, público, palco, etc. são conseqüências ou extensões dos três elementos antes citados. Ao se criar teatro, cria-se uma relação espacial, ficcional ou não, num período de tempo, com ou sem o auxilio de texto, através de ações, geralmente realizadas por um atuante (ator, performer, etc.) que não necessariamente precisa ser um ser humano. Ao se estipular um mote, uma discussão, um tema, uma fuga, etc. têm-se um conteúdo, uma questão a se levantar perspectivas. Consideramos o conceito de PEÇA DESMONTÁVEL em nossos trabalhos onde toda a feitura cênica necessite apenas de um atuante, um espaço, num determinado tempo (qualquer). DESMONTÁVEL por poder o evento cênico se realizar em qualquer local, sem qualquer especificidade ou necessidades externas a ação, tempo e espaço. PEÇA DESMONTÁVEL não pela simplicidade de se fazer qualquer coisa em qualquer lugar, mas pela complexidade das relações discutidas pela arte. O que aqui pode parecer simples é, na realidade, um trabalho de investigação processual que busca a exclusão de qualquer excesso. Não por isso nos refugiamos num território exclusivo do teatro, pelo contrario, pela fuga dos excessos rompemos fronteiras (literalmente) para a compreensão de uma linguagem em expansão (a cena expandida) onde termos como hibridismo, interferência, territórios, fronteiras, diásporas, interdisciplinaridade, etc. não sejam apenas conceitos modistas, mas práticas reais do processo criativo. Por isso... Desmontemo-nos.